segunda-feira, 11 de junho de 2007

Tentativa de contribuição ao nosso movimento

ae galera, aqui é o Harry (2º ano da Geografia - noturno)
...fim de semana na casa da minha mãe e tal, não conseguia parar de pensar nas coisas aqui. Acabei escrevendo esse texto que na verdade é uma visão pessoal minha, mas a idéia é contribuir para o nosso movimento, seria como uma fala em uma plenária, só que escrita de um jeito mais ponposo até (nem gosto muito de escrever nessa linguagem).
Pra q esse texto sirva msm precisamos discutir algumas coisas antes, pq pra mim a validade dele é no sentido de (como já falei) contribuir para solucionarmos o grande impasse em q nos encontramos. Não vou tentar falar desse impasse aqui, isso é objeto pra muita discussão e pra mais textos...

Problemática para o avanço do Movimento Estudantil
I- Três aspectos básicos a serem trabalhados

Este texto é resultado inevitável de um ciclo que começa com experiências e observações, segue com reflexões e interpretações até que uma hora vaza. Pretende-se dar alguma contribuição ao Movimento Estudantil (ME), ajudando no necessário constante avançar deste. Sabe-se que existem inúmeros fatores – formação individual de cada envolvido; o caráter policlassista deste movimento, predominando a classe média pequeno-burguesa, que resulta no tênue posicionamento entre reforma e revolução; as características de cada região onde atua o ME e, por fim, o contexto histórico de forma ampla – que influenciam diretamente nas potencialidades e nas fraquezas do nosso movimento. Identificar estes pontos, questiona-los e trabalha-los de forma a nos fortalecer não é apenas necessário, é também possível, dada a força da vertente intelectual no ME, e urgente.
Desta forma, para trabalharmos devidamente nossas potencialidades e fraquezas é necessária ampla reflexão, levando-se em consideração além dos pontos anteriormente citados, a característica mais singular deste movimento: a rápida renovação de militantes. Vejamos, movimentos sociais como o dos operários, dos sem terra, dos oprimidos por gênero ou por raça, são movimentos em que os militantes podem integra-los durante décadas ou mesmo uma vida toda. Já no ME a militância dificilmente dura mais de cinco anos, na maioria dos casos nem chega a isso, e essa rotatividade em geral acarreta prejuízos, refluxos e um constante recomeçar que inviabilizam projetos mais bem elaborados e a construção de lutas mais consistentes e duradouras.
Para agir contra essa deficiência devemos valorizar a documentação histórica e trabalhar no sentido de evitar lacunas, cuidando para que a formação e participação política estejam sempre presentes, dando o caráter de continuidade às lutas estudantis. Neste sentido nos voltemos num primeiro momento ao avanço do processo já em decorrência, uma vez que garantir vitórias, ao menos pontuais, é de vital importância para a continuidade e o desenvolvimento da movimentação alcançada.
Vamos então pensar o que precisamos para que, do atual estágio, possamos continuar avançando de maneira completa e consistente, evitando ações precipitadas, que apenas geram insegurança para os militantes e incompreensão para os outros – erros recorrentes que nos fazem amargar altos prejuízos. A partir disso, e olhando mais especificamente para o nosso ME, com suas singularidades, pode-se dizer que é preciso avançar em três aspectos: discussão teórica, esclarecimentos a respeito dos objetivos e mobilização. Cada um desses aspectos apresenta sua razão e complexidade:
1-Discussão teórica. Talvez o mais simples de se iniciar em nosso meio (até pela tradição “escolar” que vivemos) dentre os três, porém é extremamente fundamental, isso porque os objetivos podem ser confusos e as mobilizações vazias quando a discussão teórica é superficial. Pode-se acelerar o avanço nesse aspecto criando possibilidades para tal, como palestras, debates, grupos de estudo etc., contudo para que aja um avanço real é preciso que cada indivíduo se disponha voluntariamente a isso;
2-Esclarecimentos a respeito dos objetivos. Este espaço pode ser iniciado com questionamentos como “em que eu espero que isso tudo resulte?”, “o que eu quero para a universidade?”, “devo questionar mais do que apenas a universidade? E qual o projeto social?”. Não esperemos obter respostas para todas essas questões antes de começarmos a mobilização, isso inviabilizaria tudo. O ser humano é mutável e portanto seus objetivos também. Contudo, esclarecimentos são urgentes. Necessitamos saber para qual direção vamos caminhar antes de dar os próximos passos. De fato, essa direção ainda deve variar muito de indivíduo para indivíduo e, justamente para que o grupo possa estar esclarecido e harmônico, devemos discutir esses objetivos;
3-Mobilização. É impossível aqui não falarmos do conceito de práxis. Dessa forma ressaltemos a indissociabilidade entre esse e os outros dois aspectos discutidos. Não nos enganemos imaginando que primeiro deve-se passar anos sentado, apenas lendo, depois formula-se um objetivo a ser perseguido e apenas então começa a luta. Participar de um grande ato político, ter contato com diferentes grupos organizados e com diferentes correntes ideológicas, constituem pontos em comum aos três aspectos, por exemplo. Uma das particularidades da mobilização, que inclusive tende a ser problemática para os iniciantes, é o contato com pessoas que não estavam inseridas (melhor dizendo, não se percebiam inseridas) no processo até então. A diferença entre mobilizar-se e mobilizar o outro é drástica. Para evitar erros e retrocessos deve-se estar atento aos processos mobilizatórios, evitando que estes resultem no seu contrário, ou seja, causem apenas revolta superficial e mal direcionada.

Apontar a necessidade de se avançar nesses três aspectos, para que o ME possa continuar caminhando de maneira completa e consistente – e que esse avanço deve ser constante e conjunto, não privilegiando primeiro um em detrimento dos outros, mas sabendo que são complementares e que há todo um contexto histórico no qual estamos inseridos – é o objetivo primordial desse texto, pois assim acredita-se que possamos nos organizar melhor, facilitando o planejamento e a construção das nossas lutas.
...por favor, critiquem à vontade (inclusive professoras e professores internautas), através de comentários no blog ou pessoalmente mesmo.. abraços.

3 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pelas reflexões, pessoal!
Esse é o momento de avançarmos mesmo nas discussões políticas, das quais a mídia tanto foge.

Pra dar um ânimo:
a Unesp de Bauru continua em greve!

Até a revogação dos decretos do Serra!

Unknown disse...

A gente aqui na unicamp criou esse abaixo-assinado:
http://abaixoassinado.blogspot.com

Estamos tentando passar eles por todos os lugares onde formos realizar mobilização, especialmente nos Etes onde estamos nos organizando para ir. Se vocês puderem passar para a frente o abaixo assinado... as assinaturas vão para: lt.dunbar@hotmail.com

Anônimo disse...

excelente arquivo histórico do ME de RC é este blog.
Nilton Pires (CABEÇA) Geografia/Moradia, 21/02/2013